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Greve, frio e toxoplasmose afetam venda de hortifrútis e leite

Eduardo Tesch


Foto: Charles Guerra (Diário)
Algumas marcas de leite seguem em falta após a greve. Preço subiu, o que é normal no inverno

Quase um mês após o fim da paralisação nacional dos caminhoneiros, que afetou diversos serviços em todo o país, alguns produtos ainda estão em falta nas prateleiras e gôndolas dos supermercados de Santa Maria. O Diário visitou, durante essa semana, alguns mercados da cidade para conferir quais produtos ainda não chegaram aos estabelecimentos e como estão os preços de alguns alimentos após a paralisação.

O setor que mais preocupa é o de laticínios. Apesar de não faltar o produto em nenhum mercado, é visível que há menos leite nas prateleiras do que o normal e algumas marcas seguem em falta. O preço também assusta: se há um mês, podíamos encontrar o litro do leite integral por R$, 1,99, o preço mais barato que encontramos nessa semana foi de R$ 2,98, quase R$ 1 a mais em 30 dias.

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- Ainda enfrentamos problemas no abastecimento de leite. Desde que terminou a greve, a situação ainda não normalizou - diz a gerente de supermercado, Jociane Marinho.  

A auxiliar de cozinha Neusa Chagas afirma que procura aproveitar as promoções, já que os preços não param de subir.

- A gente compra quando está mais barato, né? O que eu aproveito mesmo são as promoções, porque não dá para comprar com esse preço. Tenho de ficar atenta quando algum produto está mais barato do que o normal - afirma.

PREÇOS 
Outro setor que preocupou os consumidores durante a paralisação nacional dos caminhoneiros foi o setor de hortifrúti. Durante quatro dias, em Santa Maria, produtos como cebola, cenoura e mamão praticamente sumiram das prateleiras. Passada a greve, os alimentos retornaram às gôndolas com o preço dentro da média. Encontramos a cebola sendo vendida de R$ 3,19 até R$ 4,98; o tomate de R$ 2,19 até R$ 3,98, e a batata de R$ 2,69 até R$ 2,98. Por não estarmos no período da safra desses produtos, é esperado que eles custem mais do que no verão, por exemplo.  

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O presidente do sindicato dos donos de supermercados de Santa Maria (Sindigêneros), Eduardo Stangherlin, admite que os mercados seguem com dificuldades devido à paralisação dos caminhoneiros.  

- A situação de cada mercado na cidade é muito particular. Os estoques baixaram bastante durante a greve. Ainda enfrentamos a falta principalmente de laticínios pela época do ano. No inverno, naturalmente, temos uma baixa oferta de leite. Esse ano, combinado com a greve, as coisas pioraram - diz.

Para Stangherlin, a alta dos preços em alguns produtos é reflexo de vários fatores.

- Cada produto se comporta de uma maneira diferente. Com a nova tabela de fretes, que entrou em vigor depois da greve, algumas empresas repassaram esses aumentos para os mercados. No leite, há um aumento também pela época do ano. Além dos baixos estoques, no inverno sempre tem menos oferta do produto. Tudo isso somado acabou aumentando um pouco o preço de alguns produtos - explica. 

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VENDA DE VERDURAS CAIU
A baixa procura por frutas, verduras e legumes está preocupando os produtores rurais e feirantes de Santa Maria. O inverno, combinado com o medo da população em consumir alimentos frescos devido ao surto de toxoplasmose que a cidade enfrenta, são os principais fatores para a redução do consumo, segundo os próprios produtores.  

- Não estamos vendendo nada, está muito difícil. Desde que começou o inverno está muito ruim. É notável que quando chega uma época mais fria, as pessoas começam a parar de consumir legumes frutas e verduras - diz o produtor rural Evandro Pires de Souza.


Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Na feira, produtores dizem que colocam muita verdura no lixo

Na última terça, em entrevista coletiva, o ministério da saúde e a prefeitura afirmaram que ainda não chegaram a uma conclusão definitiva sobre a origem do surto de toxoplasmose em Santa Maria. Porém, ao que tudo indica, a fonte da contaminação seria a água ou hortaliças.

A professora aposentada Vera Oliveira, 69 anos, que está tentando comprar apenas alimentos que possam ser cozidos, devido ao surto de toxoplasmose:

- Ultimamente, eu só estou pegando couve, porque dá para cozinhar. Não estou comprando nenhum alimento fresco. Com esse surto, não da para brincar, a gente tem que se cuidar.

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Quem acaba sofrendo a consequência disso são os produtores, que vendem bem menos.  

- O contêiner de lixo está sendo o nosso maior cliente, estamos colocando muita coisa fora, dá até pena. Essa semana mesmo, coloquei 5 caixas de alface no lixo. Com essa questão da toxoplasmose, está sendo bem difícil para a gente - diz o produtor rural Cleiton Busanello.

Apesar da reclamação dos produtores, para o gerente adjunto do escritório da Emater, Renato Cadó, a queda na procura já é esperada nessa época.

- O inverno é uma época que, tradicionalmente, enfrenta-se certa dificuldade na questão do consumo. Para mim, isso não tem relação com a toxoplasmose. Notamos a mesma queda em outros anos. É só o clima voltar a esquentar que o consumo vai subir também - afirma.

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